top of page

Ensinar os Filhos a Sentir: O Caminho Seguro para Educar Emoções


Mãe ajoelhada à altura do filho, segurando-lhe as mãos com calma durante uma birra, transmitindo empatia e segurança.
Ensinar os Filhos a Sentir: O Caminho Seguro para Educar Emoções


Muitos de nós crescemos sem aprender a lidar com as próprias emoções.


Quando crianças, ouvimos frases como “engole o choro”, “para já com essa birra” ou “não tens motivos para estar assim”. O resultado? Tornámo-nos adultos que, muitas vezes, não sabem reconhecer o que sentem, ou que carregam culpas e arrependimentos por não conseguirem reagir de forma saudável.


Hoje, uma nova geração de pais e mães quer fazer diferente. Quer ensinar os filhos a sentir, dar nome às emoções e mostrar-lhes caminhos seguros para descarregar a raiva, a tristeza e até a alegria intensa. Mais do que disciplina, isso é educação emocional. É oferecer ferramentas que servirão para toda a vida.


E a boa notícia? Ao ensinar os filhos a sentir, também curamos feridas antigas em nós mesmos.




O que significa ensinar os filhos a sentir?


Ensinar os filhos a sentir não é evitar que sintam emoções “difíceis”. Pelo contrário: é acolher, validar e orientar. É transmitir a mensagem:

  • Todos os sentimentos são permitidos.

  • Nem todos os comportamentos são aceitáveis.

  • Existem formas seguras de descarregar o que o corpo sente.


Por exemplo: uma criança pode estar furiosa. O que não pode é bater no irmão. Em vez de dizer “para já com essa raiva”, podemos dizer:

“Isso é raiva. Sentir raiva é normal. Não podes magoar ninguém, mas podes bater na almofada ou gritar aqui comigo.”


Este simples gesto ensina autorregulação, empatia e autoconhecimento.




Por que é tão importante ensinar os filhos a sentir?


1. Emoções não desaparecem quando são reprimidas


Reprimir um choro ou uma raiva não elimina o sentimento. Apenas o empurra para dentro, onde pode transformar-se em ansiedade, comportamentos agressivos ou dificuldades de relação.


2. Emoções nomeadas são emoções reguladas


O psicólogo Daniel Siegel, autor de O Cérebro da Criança, chama a isto “name it to tame it” (“nomear para dominar”). Quando a criança aprende a identificar “isto é medo”, “isto é tristeza”, ativa áreas do cérebro ligadas à calma e à lógica.


3. Ensinar a sentir é preparar para a vida adulta


Um adulto que sabe reconhecer e gerir o que sente é mais resiliente, tem melhores relações e consegue tomar decisões mais conscientes.


4. A relação entre pais e filhos fortalece-se


Quando um filho sente que pode expressar-se sem medo de julgamento, cresce mais confiante e seguro do amor dos pais.




A criança que fomos também está presente


Muitos pais descobrem na prática que, ao lidar com a birra de um filho, não é só a criança diante deles que reage — mas também a criança interior que eles próprios foram.


Quantas vezes gritamos porque estamos exaustos, ou porque nunca aprendemos a gerir a raiva de outra forma? Quantas vezes, após explodir, vem a culpa?


Reconhecer isto é libertador. Significa que ao ensinar os filhos a sentir, também estamos a reeducar a criança que fomos. É dizer a nós mesmos:“Eu também merecia ter ouvido: ‘está tudo bem sentir’. Agora vou dar isso ao meu filho e, ao mesmo tempo, a mim.”



O poder de reparar os erros


Não existem pais perfeitos. Haverá dias em que vamos perder a paciência, levantar a voz ou reagir mal. Mas até isso pode ser oportunidade de educação.


Dizer ao filho:

“Eu exagerei. Não devias ter ouvido dessa forma. O certo era ter falado com calma. Vamos respirar juntos?”


…ensina que pedir desculpa é sinal de coragem, não de fraqueza. Mostra que todos erramos, mas podemos reparar e tentar de novo.


Esse modelo é poderoso: a criança aprende que não precisa ser perfeita, apenas honesta e disposta a melhorar.




Estratégias práticas para ensinar os filhos a sentir


1. Dar nome às emoções no momento certo


Exemplo: “Vejo que estás frustrado porque não conseguiste montar o puzzle. Isso é frustração. Vamos tentar juntos?”


2. Oferecer alternativas seguras de descarga


  • Bater numa almofada.

  • Gritar no travesseiro.

  • Rasgar papel.

  • Fazer respirações profundas enquanto abraça um peluche.


3. Criar um “canto da calma” em casa


Um espaço acolhedor, com almofadas, brinquedos sensoriais ou livros, onde a criança possa acalmar-se sem se sentir castigada.


4. Usar histórias e livros


Livros infantis que falam sobre emoções ajudam a criança a identificar o que sente de forma divertida.


5. Praticar nos dias tranquilos


Nos momentos de calma, simular situações:

“E se ficasses com muita raiva porque o teu brinquedo partiu? O que podias fazer em vez de bater?”


Assim, quando a emoção surgir de verdade, a criança já terá um repertório de opções.



Exemplos reais de frases que ajudam


  • “Eu vejo a tua raiva. O que podes fazer com ela?”

  • “Estou aqui contigo, mesmo quando estás triste.”

  • “Não é errado sentir ciúmes. Vamos falar sobre isso?”

  • “Estou a ouvir-te. Conta-me o que se passa.”

  • “Vamos respirar juntos antes de decidir o que fazer.”


Estas frases transmitem segurança, acolhimento e, ao mesmo tempo, ensinam limites.



O papel da repetição


Crianças aprendem por repetição. Isso significa que precisaremos repetir muitas vezes:“Está tudo bem sentir.”“Não podes magoar ninguém.”“Podes descarregar de forma segura.”


Com o tempo, elas internalizam. A repetição não é sinal de falha, mas de aprendizagem em construção.



Benefícios de ensinar os filhos a sentir


  • Reduz o número e a intensidade das birras.

  • Melhora a comunicação familiar.

  • Cria adultos mais empáticos e resilientes.

  • Diminui o stress parental, porque os pais passam a ter estratégias.

  • Promove autoestima e confiança na criança.




Exercícios práticos para pais


Exercício 1: O diário das emoções


Durante uma semana, anote num caderno:

  • O que o seu filho sentiu.

  • Como reagiu.

  • O que você disse.

  • Qual foi o resultado.

Reflita no final: que frases ajudaram mais?


Exercício 2: A caixa das opções


Monte com o seu filho uma caixa com ideias de “descarga segura”: desenhar, saltar, cantar alto, rasgar jornal. Quando a raiva vier, ele escolhe uma opção da caixa.


Exercício 3: Pausa consciente


Crie um sinal (mão no coração, por exemplo) que significa: “preciso de pausa”. Ensine o filho a usar quando estiver sobrecarregado.




E quando os pais também se sentem sobrecarregados?


Não podemos ensinar calma se estivermos em ebulição. Assim, cuidar de si é parte essencial.


  • Respire fundo antes de responder.

  • Se precisar, afaste-se um minuto.

  • Peça desculpa se explodir.

  • Lembre-se: os filhos não precisam de pais perfeitos, mas de pais humanos e presentes.



Ensinar os filhos a sentir é um dos maiores legados que podemos deixar. É preparar os nossos filhos para a vida, ajudá-los a crescer com segurança interior e, ao mesmo tempo, curar as marcas da nossa infância.


Não é um caminho rápido nem perfeito. É feito de pequenas frases, repetições, reparações e, sobretudo, presença.


Comece pequeno: uma frase, um minuto de pausa, uma respiração conjunta.


Com o tempo, verá que a casa se torna um espaço onde todos os sentimentos são bem-vindos — mas onde todos aprendem a escolher atitudes que constroem e não destroem.




FAQ – Perguntas Frequentes


1. O que faço quando o meu filho faz birras em público?

Respire fundo, abaixe-se e reconheça a emoção: “Vejo que estás zangado. Não podes bater, mas podes segurar a minha mão forte.” Ignore olhares externos. O foco é no seu filho, não nos outros.


2. Ensinar os filhos a sentir não os torna mais frágeis?

Não. Pelo contrário. Crianças que aprendem a nomear e descarregar emoções de forma saudável tornam-se adultos mais fortes, com maior capacidade de resiliência.


3. E se eu própria nunca aprendi a lidar com emoções?

Comece junto com o seu filho. Diga frases como: “Estou a aprender contigo.” Partilhe a vulnerabilidade. É um processo de crescimento em família.


4. Como diferenciar limites de repressão?

Reprimir é negar o sentimento (“não chores”). Limitar é aceitar o sentimento, mas orientar o comportamento (“podes chorar, mas não podes bater no irmão”).


5. A partir de que idade devo começar?

Desde cedo. Mesmo bebés sentem raiva e frustração. Claro que a linguagem será adaptada, mas acolher o choro já é o primeiro passo de educação emocional.



👉 Já aplicaste alguma destas estratégias com o teu filho?

👉 Quais frases mais funcionam na tua casa?

👉 Partilha nos comentários: a tua experiência pode ajudar outras famílias.

Komentari

Ocijenjeno s 0 od 5 zvjezdica.
Još nema ocjena

Dodajte ocjenu

Mais vendidos

bottom of page